RESPEITA AS MINAS. QUE MINAS?

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No Brasil, quase 1 milhão de mulheres (entre elas, crianças) são estupradas a cada ano. A estimativa é baseada num estudo do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), divulgado no mês passado. Eu não disse Índia, e sim Brasil.

O Corinthians, essa potência movida por dezenas de milhões de torcedores e torcedoras, tem um time feminino. Ele ganha praticamente tudo o que disputa – é um fenômeno. Diante do sucesso da equipe de garotas e pegando carona nas campanhas contra os atos bárbaros de feminicídio, o marketing do clube do Tatuapé criou um “slogan” oportunista: “Respeita as minas!”.

Mas, quais minas? Só as do Corinthians? Ou todas as minas do Brasil e do planeta?

Desculpem a minha ignorância, mas pergunto porque hoje o clube anunciou a contratação do técnico Cuca para dirigir o time profissional dos machos. Como se sabe, Cuca, que vive beijando uma medalhinha de Nossa Senhora (segundo ele, “a mãe de Jesus e nossa mãe”), foi condenado por estupro em Berna, em 1987. Na época ele era jogador do Grêmio e, acompanhado de outros três atletas (Eduardo Hamester, Fernando Castoldi e Henrique Etges), ficou retido na cidade suiça por um mês, acusado de ter participado do estupro de Sandra Pfäffli, então com apenas 13 anos. Dois anos depois foi julgado e condenado. E nunca mais voltou pra lá.

A pena, naturalmente, prescreveu. Mas só Cuca sabe se o que aconteceu no quarto do hotel encontrou guarida em sua alma e na dos demais ex-atletas pelos últimos 36 anos. Ele jura que não participou da ação – mas, estando lá, assistiu a tudo e não agiu? Por quê? Ficou sem ambiente? Era só um passatempo, uma prática comum no meio do futebol profissional? E será que vai continuar beijando a medalhinha de Nossa Senhora na beira do gramado toda vez que se sentir ameaçado pelos resultados do time de machos?

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