RACISMO NO JOGO “CONTRA” O RACISMO

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No jornal espanhol “El País” deste domingo, nenhuma linha sobre o episódio de racismo ocorrido no estádio do Espanyol, no sábado. Também nenhuma linha sobre o jogo Brasil 4×1 Guiné. Provavelmente, o jogo terminou quando o fechamento da edição já havia sido feito. Como sou benevolente…

Já sabemos que os pretos não são queridos – os espanhóis têm dado seguidos exemplos de que não os suportam vivendo entre eles. Mas, se em alguns casos os pretos lhes proporcionam alegrias e emoção, “ok, deixem-nos por aqui”.

No sábado, antes de a partida começar, Felipe Silveira, amigo e um dos assessores de Vinícius Jr., foi interpelado por um segurança do estádio. Ar sério, olhar que provavelmente não sorria, bradou: “Mãos ao alto! Aqui está minha arma!”. E lhe mostrou a banana que empunhava.

Silveira, que vive na Espanha já há algum tempo, partiu pra cima do segurança, mas foi contido por colegas do dito cujo desqualificado. Com a imediata repercussão do caso, o segurança, que manteve a banana no bolso de suas calças, fez cara de desentendido. Na verdade, é assim que muitos racistas se comportam, não? O cinismo faz parte do show.

Não sei se haverá punição – não acredito nisso, a julgar pela reação das autoridades espanholas, que procuraram abafar o caso.

O mais incrível – mas não surpreendente – é que esse episódio de racismo aconteceu minutos antes da partida em que tanto FIFA quanto CBF haviam planejado como parte de uma ação conjunta “contra” o racismo no futebol – o Brasil entrou em campo e jogou todo o 1º tempo com uma camisa preta (por que a trocaram pela amarela no intervalo?), e tanto jogadores quanto trio de arbitragem se sentaram no gramado antes do apito inicial. Aliás, chamou atenção a impaciência do público. Antes de o ponteiro do relógio do árbitro completar 1 minuto, surgiram algumas vaias no estádio. Era como se dissessem: “OK, já fizeram seu showzinho, agora vamos ao que interessa de fato, que é jogar bola”.

O cínico Gianni Infantino (presidente da FIFA) e o indecifrável Ednaldo Rodrigues (da CBF) “acreditam” que conseguirão acabar com o racismo no futebol portando faixas, soltando notinhas de repúdio e aplaudindo as cenas que precedem o apito inicial. Isso também faz parte do show.

Mas tenho a impressão de que o planeta todo está vendo isso. Estou louco?

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